segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013


A Cia Linhas Aéreas (SP) realiza em João Pessoa única apresentação do espetáculo “O Animal na Sala”, nesta quinta-feira (07/03), às 20h, no Centro Cultural Piollin. Neste espetáculo teatro, dança e circo se fundem para contar a relação do homem com o meio em vários momentos da sua evolução. O centro da cena é uma grande árvore construída com ferro e objetos reutilizados.

Ingressos: R$ 10,00 e R$ 5,00
Moradores do Roger pagam R$2,00 mediante apresentação de comprovante de residência!



O Animal na Sala é um espetáculo de dança-teatro que apresenta a evolução humana sob uma leitura crítica e ao mesmo tempo pincelada por ironia e humor. O primitivo e o civilizado, presentes na essência do homem, são contrastados em diversas situações envolvendo poder, cooperação, conquistas e superação.


DRAMATURGIA DO GESTO
Prosseguindo com a pesquisa das possibilidades narrativas do gesto, a Linhas Aéreas investe na radicalização da linguagem, abolindo o discurso falado e privilegiando a fusão do teatro com a dança e o circo para constituir seu vocabulário corporal, que privilegia soluções corporais, baseadas na fisicalidade e na dança. De tal pesquisa surgiu um universo rico em imagens, sensações e expressão, dialogando com tranquilidade com o espectador.

O Linhas Aéreas faz um percurso por várias etapas da evolução. Em um primeiro momento, retrata os ancestrais símios, o homem primitivo, a caça, agricultura, pesca,
rituais. O desenvolvimento da razão – marcado por alusões a O Pensador, de Rodin – faz a transição para a civilização e para a segunda parte do espetáculo. É onde surge o
começo da civilização e a faceta urbana do homem, em meio a máquinas, trânsito caótico, guerras, violência, medo, solidão e encarceramento. A trilha, composta por Claudia Dorei, mescla uma base contemporânea a sons “primitivos” - flautas, água, percussão, cantos tribais.

Os intérpretes-criadores da Companhia Linhas Aéreas são Natália Presser, que trabalhou por três anos (entre 2006 e 2009) como trapezista e atriz corporal no Cirque du Soleil, em turnês por Austrália, Japão e Europa, Ziza Brisola, diretora e uma das fundadoras da Companhia, e Patrícia Rizzi. Neste espetáculo o grupo tem como diretora convidada Renata Melo, que tem um reconhecido trabalho em pesquisa de linguagens envolvendo a dança em diferentes contextos, especialmente com o teatro.

A construção do espetáculo foi feita de forma colaborativa entre as intérpretes, a diretora e o autor Paulo Rogério Lopes, encarregado de construir a dramaturgia, ainda que sem palavras, e para amarrar todas essas idéias.

A criação partiu de um extenso levantamento de referências nas artes visuais, na literatura e no cinema. Entre elas, obras do escritor Franz Kafka, do cineasta Jean-Jaques Annaud e do artista mineiro Frederico Câmara.

Sobre o espetáculo, a diretora Renata Melo considera: “O homem constrói suas próprias jaulas, se fez prisioneiro da civilização. Chegamos a um ponto em que não dá pra voltar atrás. E a idéia não é que o primitivo seja melhor. Claro que há uma crítica ao que se diz civilizado, mas a intenção é propor uma reflexão sobre o tema”.

ELEMENTOS DA ENCENAÇÃO
A estrutura principal do cenário não é um aparelho convencional do circo – mas uma
árvore estilizada, criada a partir da pesquisa. As ações se desenvolvem ao redor dela, que tem 4m de altura e 5 de diâmetro, feita de ferro e madeira.

Quem assina o projeto é Renato Bolelli Rebouças, premiado diretor de arte do Grupo XIX de Teatro. Segundo ele, essa árvore “representa o ciclo da vida, uma presença natural que envolve e protege o homem. A árvore tudo dá – sombra, alimento, oxigênio, casa, é um símbolo provedor. Ao mesmo tempo, construímos a imagem desse símbolo ancestral com uma base de ferro, que é símbolo da civilização, da indústria. É uma árvore estranha, quase hibridizada, feita em laboratório”. A base dela é feita de objetos reutilizados – caixas, armários, bancos, ralos, pedaços de portas e rodapés. “Os objetos foram encontrados abandonados em caçambas, brechós, lojas de segunda mão e depósitos. São elementos que foram processados, industrializados e depois abandonados. Há aí também uma crítica ao consumo desenfreado. Para que cortar tanta árvore se pouco tempo depois o objeto feito dela vai ser jogado fora?”, questiona Renato. A árvore se transforma em cada cena. Barco, fábrica, sala de jantar, elevador, vagão de metrô e tanque de guerra são algumas das facetas que adquire. Ele é responsável também pelo figurino, que tem a mesma proposta, peças sobrepostas que se modificam a cada cena. “O espetáculo é um grande percurso que vai narrando histórias, e não há tempos para trocas de roupas. Por isso, optamos por peças que vão se adaptando conforme as cenas, e tudo é feito diante do público.”, conta Renato.

A trilha sonora foi composta originalmente por Claudia Dorei, compositora, instrumentista e cantora que tem marcado seu território na cena musical. A sonoridade mescla uma base contemporânea a diferentes sons: recursos “primitivos” como flautas, água, percussão e cantos tribais, instrumentais e texturas sonoras sobrepostas. A Iluminação foi criada por Miló Martins, parceira da Companhia desde 2006. O seu trabalho foi jogar com o espaço cênico e o cenário, transmutando-os em locais diferentes que percorrem a evolução humana, ora compondo com os próprios elementos ora acrescentando formas e desenhos que contribuem para contextualizar as passagens do espetáculo. A partir deste conceito as imagens representam as mais diversas situações, como uma floresta, um quintal de terra, um barco, um varal, uma avenida, um prédio, e até um foguete.











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