domingo, 24 de novembro de 2013

Lunares, de Thiago Trapo



Definitivamente, Thiago Trapo é um artista dos novos tempos... Ou melhor, é um artista contemporâneo. De fato.

Primeiro porque sua formação é diversa, sincera, natural e sua produção está vinculada aos valores atuais deste mundo tão “visual” comandado pela tecnologia da informação e da comunicação. Óbvio. Partindo de experiências vividas em que fascinação e desígnio se entrelaçaram para justificar sua dedicação à arte, ao mesmo tempo, este jovem artista também bebe da fonte que os artistas da Pop Art, dos anos 60, bebiam: o cotidiano, com seu caos estético e seus ícones da sociedade de consumo. Tudo bem.

Mas, há um detalhe: Thiago também “conheceu” os artistas do Grupo Fluxus, também dos anos 60. E aí tudo se explica. Ao tempo que o movimento Pop invadia o mundo, Maciunas, Yoko Ono, Vostell, Beuys, June Paik, Vautier e outros parceiros do Fluxus (do latim Flux, que significa modificação, escoamento, catarse) propunham uma arte participativa, coletiva, múltipla, sempre se utilizando dos meios de comunicação. Tudo muito bem.

Claro, como artista do seu tempo (novos tempos?), sua principal ferramenta é a internet. Como ele mesmo afirma: “Uso do que me circunda para atingir minhas necessidades de linguagem, busco de maneira especifica cada área para alimentar o processo artístico-visual que desenvolvo. Percebo que produzo praticamente para internet. Acho bacana porque é como se você eliminasse o atravessador, a arte atinge diretamente a quem precisa atingir.”

E Thiago, inquieto que é, passou a imprimir um dado novo à sua formação/produção. A curiosidade em conhecer o mundo (este e outros mundos) e a vida (e sua própria vida) o levou a estudar e se embrenhar também em temas da filosofia, da psicanálise, das ciências ocultas. E isto, o desejo do conhecimento nesta seara, o fez um pouco diferente dos demais de sua geração. Maravilha.

Nesta exposição, Lunares, o artista nos apresenta um recorte de sua produção com obras que, mesmo tratando de temas que ele já se debruça há algum tempo – mar, lua, misticismo, maternidade etc. –, remetem às suas experiências de pesquisador voraz daquilo que é virtual e fugaz, mas “falam” também da realidade das manifestações (e das ações) que acontecem nas ruas e praças e muros... “Gosto muito de fazer coisas na rua, é diferente, é mais vivo e visceral e, ao mesmo tempo, a história do viral se mantém viva, milhares de pessoas comprando uma ideia, ressignificando uma ideia, dialogando com ela.” Muito bom.

De fato, essas “palavras-chave” que identificam Thiago Trapo o fazem um dos nossos mais caros talentos nas artes visuais. E isso não é viral ou passageiro. De verdade.

Dyógenes Chaves (ABCA/ AICA)
Curador

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